2004/04/20

Já não sabes como os filmes de papel

As letras azuis cor de mármore
são as veias cinzentas que me atraem...
são cabelos ocos entrelaçados
por areia e um cheiro a maresia
com rodapés de escarlate
e salmão...

Sopro por entre cadeiras assentes no chão...
Razei a soma cabal do esguio e lânguido rosto
de cristal...que se esgueirava por entre dedos e tijoleiras
As carnes com que prendia os teus seios eram aquelas
que sabiam a sal e onde navegam por entre pedras soltas
e saltitantes esqueletos
Ainda rebolas e contornas com grande perícia
os sinais de interrogação,esses são órbitas,
teus livros rasgados com páginas amareladas

Vives em casas entreabertas
de medos, em que pintas as tuas neuroses
com detalhes perfeccionistas,
em que tentas esculpir as luzes psicóticas
dos barcos à deriva

Cambaleias nessa névoa de cinzel
com barras tricolores onde espelhos teus
encerram os meus temores...
Já não sabes trilhar com remos partidos
Já não sabes como os filmes de papel
És igual às outras do princípio até mim...

F.R

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